Paixão andava rápido e, conforme se aproximava, mandava minha sanidade para longe. Apesar de sorrir, Paixão parecia cansada de enxergar, escancarado em muros, postes e posts os pedidos desesperados de “mais amor, por favor”. Paixão parecia desapontada, havia sido colocada de lado, substituída pela irmã pacífica, de águas calmas e sorrisos mansos: Amor. Apesar de terem saído do mesmo ventre e andarem juntas por muito tempo, Amor sempre durava mais que Paixão na vida das pessoas. Amor era fácil de lidar. Seus ideais, nobres e doces, lhe permitiam perdoar quase tudo. Apesar de cega, fazia com que todos aqueles que a conhecessem pudessem enxergar anos e anos à frente do tempo. Paixão, não. Rebelde, inconsequente e fervorosa, nunca gostou de pensar demais: vive o momento. Sabe que o futuro é incerto porque assim é sua natureza: incerta, errante, passageira, com data de validade impressa no rótulo, muito por culpa de sua irmã, que a maldizia por aí. O problema é que Amor se deixava ser levada para onde bem entendessem, especialmente nos últimos tempos, quando decidiram inventar uma série de regras para ela: só deveria pertencer a um casal de cada vez, não poderia ocupar o mesmo espaço que Paixão por muito tempo e, para ser considerada real, precisaria estar presente para sempre. Sendo assim, todos os defeitos e pecados sobrariam para Paixão. torço para que um dia todo mundo possa dar o valor que Paixão merece, e mesmo que seu nome jamais seja escrito nos muros do mundo, ela possa ter o mesmo valor do ordinario amor.

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